A misericórdia não é dar ao
outro o que o outro merece, a misericórdia é dar ao outro o que o outro não
merece. Mas dar por cima, dar além, dar muito mais, ir mais longe. Reintroduzir
na festa quando o filho merecia ficar a pão e água, mas reintroduzi-lo na festa
com o vitelo gordo, o anel no dedo, as sandálias nos pés, a túnica mais bonita.
Este excesso de amor é que é a compaixão. Neste Ano Santo da Misericórdia nós
perguntam-nos muitas vezes o que é a misericórdia. O que é que é a misericórdia?
E a misericórdia não cabe numa definição. Não é dizer: “A misericórdia é isto.”
Misericórdia é compaixão, misericórdia é bondade, misericórdia é perdão,
misericórdia é colocar-se no lugar do outro, misericórdia é levar o outro aos
ombros, misericórdia é a reconciliação profunda. É isso tudo. Mas é isso tudo
também feito com um determinado estilo, que é o estilo do pai da parábola de
Jesus. Não há misericórdia sem dádiva, sem doação.
Aquele
filho precisava ser curado, trazia tantas feridas. E se não há um excesso de
amor que ajude a curar as feridas, que dê um outro horizonte, que seja uma
alavanca, que seja um trampolim, o filho não podia entrar em casa pelos seus
pés, ele tinha de ser levado ao colo pelo amor do pai. A misericórdia é isso, a
misericórdia não é esperar que o outro faça o caminho, a misericórdia é
carregar com o outro ao colo, com as suas feridas, as suas fragilidades, as
suas vulnerabilidades e reintroduzi-lo na esperança, reintroduzi-lo na festa.
Pe.
José Tolentino Mendonça
Fonte: Facebook.com (Edmar Telles)
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