Um detalhe chama a atenção: 100% dos mandatários sob custódia da Justiça criminal são apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ). É o que mostra levantamento feito pelo DCM, com base em fotos de campanha, declarações públicas, documentos eleitorais, postagens em redes sociais, entrevistas com aliados e filiação partidária dos políticos detidos.
Segundo as investigações comandadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco, do MP-SC), uma empresa catarinense seria a responsável por pagar propina para agentes públicos no estado para obter favorecimento em licitações e concorrências em diferentes municípios, a maioria delas ligada aos serviços de limpeza, esgoto e coleta de lixo.
Confira a lista abaixo.
1 – Deyvison Souza (MDB), Pescaria Brava
Conhecido bolsonarista do município do litoral sul do estado, obteve a reeleição com mais de 70% dos votos válidos, superando o único concorrente, Everaldo dos Santos (PDT) que representava a forças progressistas da cidade. Fez a campanha ao lado do então governador Carlos Moisés (PSL), que se elegeu com o slogan de “Comandante Moisés”, o único governador de Bolsonaro”.
A chapa de Souza era composta pelo MDB e pelo PP, legenda cujo diretório estadual registrou apoio irrestrito a Jair Bolsonaro nas duas eleições presidenciais que participou. Foi o PP o maior financiador da campanha de reeleição do prefeito.
2 – Luiz Henrique Saliba (PP), Papanduva
4 – Antônio Ceron (PSD), Lages
Atualmente em prisão domiciliar, o prefeito reeleito da cidade de 157 mil habitantes do centro-sul do estado é um veterano da política catarinense. Uma das maiores vozes do conservadorismo em sua região, já foi eleito deputado estadual por quatro mandatos, sempre por partidos da direita, além de ter ocupado o cargo de secretário da Casa Civil do ex-governador Raimundo Colombo (PSD) e de Desenvolvimento de Espiridião Amin (PP).
Em 2022, ele lutou para que a direita catarinense se unisse para poder enfrentar o candidato petista, Décio Lima, com o apoio irrestrito do então presidente Jair Bolsonaro.
5 – Vicente Corrêa Costa (PL), Capivari de Baixo
7 – Joares Ponticelli (PP), Tubarão
Veterano político conservador catarinense, o mandatário do município de 105 mil habitantes do sudeste do estado foi um dos articuladores da tentativa (frustrada) de levar Jair Bolsonaro ao PP, em 2021. Nem por isso deixou de ser apoiador de primeira hora do ex-presidente até os dias atuais. Nos últimos dois anos, travou a luta política para que PP e PL enfrentassem unidos as eleições catarinenses do ano passado, no que foi bem sucedido.
8 – Luiz Carlos Tamanini (MDB), Corupá
O prefeito da cidade de 15,3 mil habitantes do norte catarinense lançou-se candidato em 2020 como a força bolsonarista do município. Seu maior doador de campanha foi o empresário Paulo Cesar Chiodini, filiado ao PP e outra das lideranças bolsonaristas em Corupá.
Os pouco mais de 6 mil habitantes do município de Bela Vista do Toldo, no norte de Santa Catarina, se acostumaram a ouvir, nas eleições municipais de 2020, que Cezar Dreher (então no PSL, o 17), candidato a vice-prefeito, e Adelmo Alberti (PSL), que encabeçava a chapa, eram os candidatos de Bolsonaro na cidade. E os dois não fizeram por menos: caminharam pela cidade enrolados em bandeiras do Brasil e bradando contra a corrupção. Depois, anos depois, o ex-titular renunciou ao cargo ao ser preso, em maio de 2022. O vice, que assumiu na sequência, foi preso na última quinta-feira, no decorrer da mesma investigação.
15 – Felipe Voigt (MDB), Schroeder
O prefeito Felipe Voigt (MDB), de Schroeder, situado no nordeste catarinense e com 15,5 mil habitantes, se elegeu tendo como maior cabo eleitoral o deputado federal bolsonarista Carlos Chiodini (MDB), o mesmo que apoia o também preso e bolsonarista Sesar Tassi, prefeito de Massaranduba. Elegeu-se coligado com os Partidos PP e PSL, este último o do então presidente Bolsonaro, acusando seus adversários de serem partidários de políticos da esquerda corrupta. Seu principal doador de campanha foi o mesmo empresário Paulo Cesar Chiodini, filiado ao PP, uma das principais lideranças bolsonaristas na região e também o maior financiador da campanha do prefeito de Massaranduba.
1 Comentários
Bom dia. Como funcionava o esquema ?
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