Governo do Estado troca secretário da Polícia Civil; delegado que estava no TCM assume pasta - Sai Fernando Albuquerque, entra José Renato Torres, cedido ao TCM há 16 anos.

 

 
Delegado Fernando Albuquerque — Foto: Divulgação

Pela terceira vez em menos de quatro anos, o Governo do Estado trocou o comando da Polícia Civil. Desta vez, após um ano e cinco meses no cargo, o delegado Fernando Antônio Paes de Andrade Albuquerque foi exonerado da função.

No seu lugar assume o também delegado ​José Renato Torres do Nascimento, que estava fora da instituição desde 2007, quando foi cedido para o Tribunal de Contas do Município (TCM). Na instituição, ele coordenava o departamento de segurança.

A mudança foi publicada na edição do Diário Oficial desta terça-feira (26) e é assinada pelo governador Cláudio Castro (PL).

 
Exoneração saiu nesta terça-feira — Foto: Reprodução

g1 apurou que, nos últimos meses, a troca de Albuquerque já vinha sendo costurada internamente, com várias reuniões feitas no Palácio Guanabara para que a troca de secretário fosse sacramentada.

O convite para que José Renato assumisse o cargo aconteceu em Portugal, nas últimas semanas, quando Castro e ele estiveram juntos. Fontes afirmam que Cláudio Castro estaria insatisfeito com a atuação de Fernando Albuquerque à frente da pasta.

Antes de ser cedido ao TCM, José Renato chegou a ser da cúpula da Polícia Civil, quando deixou o cargo de subchefe da Polícia Civil, o segundo na hierarquia da instituição. Na época, o comando da pasta era do delegado Álvaro Lins.


 
O delegado José Renato Torres — Foto: Reprodução

Mandato 'tampão'

Albuquerque assumiu a chefia da corporação no lugar do também delegado Allan Turnowskique deixou a pasta para ser candidato a deputado federal pelo Partido Liberal (PL).

De acordo com pessoas ligadas à Polícia Civil, Fernando Albuquerque teria um "mandato tampão". Já que, o objetivo era Turnowski se eleger deputado federal e, posteriormente, ele, caso eleito, se licenciar do cargo e voltar a pasta.


 
Allan Turnowski (E), Cláudio Castro e Fernando Albuquerque — Foto: Divulgação

No entanto, Allan Turnowski acabou sendo preso por suspeita de organização criminosa e envolvimento com o jogo do bicho. Atualmente, o delegado está solto e cumpre uma série de medidas cautelares — como não acessar repartições da polícia.

Em abril do ano passado, ao assumir, Albuquerque chegou a se emocionar e afirmou que a corporação continuaria intransigente com a criminalidade. Ele disse também que a redução dos índices de criminalidade e o combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro seria uma marca da Polícia Civil atual.

“Continuamos buscando a cada dia apresentar um serviço público de melhor qualidade. Muito ainda há de se fazer. A missão é extremamente difícil”, disse à época.

Durante a gestão de Albuquerque, ele tentou enfrentar a guerra entre milícia e o tráfico na Praça Seca e Rio das Pedras, e a disputa entre milicianos rivais em Santa Cruz, na Zona Oeste, e Itaguaí.


Gestões com operações letais


 
Allan Turnowski e Fernando Antônio Albuquerque — Foto: Divulgação

Foram nas gestões de Turnowski/Albuquerque que o RJ registrou três das quatro operações mais letais de toda a história da cidade. Nesse período, foram 70 mortos em apenas três ações na cidade do Rio.

A mais letal entre todas as ações envolvendo agentes públicos aconteceu no Jacarezinho, na Zona Norte, em maio de 2021, quando 28 pessoas morreram.

Um ano depois, em maio de 2022, 25 pessoas foram mortas durante uma operação policial na Vila Cruzeiro, também na Zona Norte.




 
Carro retira três corpos da comunidade da Grota, no Complexo do Alemão — Foto: Reprodução


Em agosto de 2022, uma ação com policiais militares e civis resultou em mais 17 mortos durante a incursão no Complexo do Alemão, outro conjunto de favelas da Zona Norte do Rio. Entre os assassinados estão uma mulher, um policial e 15 suspeitos, segundo a PM.

As três operações organizadas por forças de segurança pública estão em destaque em uma lista que contabiliza mortes, mas que também retrata a rotina de quem vive em comunidades carentes na Cidade Maravilhosa.


Veja as operações mais letais da cidade do Rio de Janeiro:



  • • Jacarezinho (maio de 2021) - 28 mortos;

  • • Vila Cruzeiro (maio de 2022) - 25 mortos;

  • • Complexo do Alemão (junho de 2007) - 19 mortos;

  • • Complexo do Alemão (julho de 2022) - 17 mortos;

  • • Senador Camará (janeiro de 2003) - 15 mortos;

  • • Fallet/Fogueteiro (fevereiro de 2019) - 15 mortos;

  • • Complexo do Alemão (julho de 1994) - 14 mortos;

  • • Complexo do Alemão (maio de 1995) - 13 mortos;

  • • Morro do Vidigal (julho de 2006) - 13 mortos;

  • • Catumbi (abril de 2007) - 13 mortos;

  • • Complexo do Alemão (agosto de 2004) - 12 mortos;

Fonte: GENI/UFF


 
Moradores retiram corpos no Alemão — Foto: Reprodução/TV Globo

Se considerarmos os números de todo o estado, a lista das operações com mais mortes teria que incluir uma ação da PM na Vila Operária, no Município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, em janeiro de 1998, que terminou com 23 mortos.

Matéria/ Imagens por: G1.





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