Alerj homenageia médicos mortos com um minuto de silêncio e Rodrigo Bacellar sobe o tom contra o governo

 

 

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar ((PL), abriu a sessão plenária, desta quinta-feira (05/10), pedindo um minuto de silêncio para os três médicos que foram executados na madrugada, na Barra da Tijuca, e para o policial Sérgio Lourenço, morto com 30 tiros em Duque Caxias, na Baixada Fluminense. Antes, porém, fez um discurso criticando a segurança pública do estado, secretários da área e conclamou o Parlamento a tomar o problema para si.

“Não é novidade para ninguém o carinho que eu tenho pelo governador, de cuja equipe de governo fiz parte, de quem sou aliado. Mas eu sempre falei que eu sou um aliado que não abro mão da minha independência e muito menos da minha posição enquanto parlamentar. Então, acho que passou da hora deste parlamento enfrentar esse tema que está machucando a população do Rio, que é a segurança pública”, disse.

Salientando que o momento é de deixar as vaidades e as bandeiras ideológicas de lado, Bacellar agradeceu o empenho do Governo Federal na busca por uma solução e, em seguida, criticou o primeiro escalão do governo.

“Agora, quero saber de quem foi a ideia de jerico de dois chefes de polícia estarem lá no Governo Presente. Isso é para secretário ligado à infraestrutura. Estou vendo chefe de polícia, que mal entrou, de terno e gravatinha em evento político, onde tinha que estar com a ‘bunda’ aqui, na Cidade do Rio. Passou da hora de enfrentarmos o problema”, avaliou.

Bacellar ainda fez analogia com os médicos, que fazem plantão para atendimento de emergências e estão na unidade para atender o paciente – a cúpula da segurança pública está no Sul Fluminense acompanhando o governador Cláudio Castro em uma agenda política, sob a bandeira do programa Governo Itinerante. O discurso do presidente atiçou a ala dos deputados ligada à polícia e a oposição, que não pouparam críticas.

Os episódios envolvendo o sequestro de Lucinha (PSD), no domingo (01º/10), e a troca de tiros entre Guilherme Delaroli (PL) e um grupo de bandidos, na noite de quarta-feira (04/10), também foram lembrados. O deputado Filippe Poubel (PL), o mais enfático, afirmou que é aliado do governador, mas não subserviente. Ele reclamou da ausência dos agentes, e afirmou que a Comissão de Segurança Pública da Alerj é apenas “decorativa”.

Segundo ele, não há diálogo entre o colegiado e o Palácio Guanabara no que tange à segurança, e nem com nenhum outro deputado. Poubel citou os nomes de Fernando Hakme, inspetor aposentado que integra o Comitê Gestor de Políticas Públicas, ligado à Casa Civil, e Edu Guimarães, secretário do Gabinete de Seguranças Institucional, dizendo que hoje “eles é quem mandam na polícia do Rio de Janeiro”, fazendo as indicações para áreas estratégicas.  



“Todo mundo sabe que eles é que mandam na polícia do Rio de Janeiro. Não adianta trocar os jogadores se não trocar o técnico, e os técnicos estão jogando ali atrás, da mesa do Palácio, ao lado do governador mandando e desmandando na polícia e aí entende-se o descontentamento dos delegados. Afinal, o Hakme é um inspetor de polícia, e existe uma hierarquia. Ora, delegado ser mandado por comissário, é meio estranho, soa mal, e esta Casa tem que tomar uma atitude em relação à segurança pública”, vociferou.

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Rodrigo Amorim (PTB), afirmou que a política de segurança do estado está “falida”. “É inadmissível em um dos lugares mais nobres da cidade, em uma região turística, indivíduos fortemente armados circulam na maior tranquilidade, sem serem interceptados pela polícia. É uma política fracassada de segurança pública, não tem ostensividade, não tem polícia na rua”.

Já Luiz Paulo (PSD) chamou atenção para a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024, que foi publicada no Diário Oficial desta quinta-feira. O texto, lembrou ele, prevê um déficit de R$ 8,53 bilhões para o próximo ano, tendo uma receita líquida de R$ 104,56 bilhões e as despesas, R$ 113,09 bilhões. Dessa forma, argumentou, não haverá dinheiro para investimentos em inúmeros setores, inclusive da segurança pública.

“O orçamento para 2024 está com um déficit de R$ 8 bilhões. Só que esse déficit estava previsto para 2026, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias, e o déficit previsto para 2024, também pela LDO, era de R$ 3,6 bilhões. Ora, como vamos ter segurança pública do ponto de vista orçamentário com receitas e despesas totalmente desequilibradas? Sem políticas públicas efetivas, não vai haver segurança pública”, alerta.


CPI da Segurança

O parlamentar Léo Vieira (PL) ressaltou o posicionamento da Alerj frente aos acontecimentos recentes. “Precisamos agir, então vamos organizar uma CPI para apurar o problema da segurança pública no estado”, disse. A sugestão da criação da Comissão Parlamentar de Inquérito foi endossada pelo deputado Alan Lopes (PL).

A deputada Lucinha (PSD) enfatizou a necessidade de uma atuação mais dura contra a violência. “Nós não podemos ser reféns do momento que vivemos hoje, com o domínio do narcotráfico. Não podemos ceder ao que aconteceu com os médicos, comigo ou com o deputado Delaroli”, pontuou.


Fonte: Agenda do Poder.


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