A Transformação Sociopolítica nas Eleições Municipais Brasileiras: Um Novo Olhar para as Cidades em 2024


 

* Paulo Baía


A dinâmica das eleições municipais no Brasil está intrinsecamente ligada à evolução da sociedade, e a máxima dos cientistas políticos ressalta que, embora a pauta urbana pareça mudar pouco, desde 2016, uma mudança significativa se desenrolou na sociedade brasileira, impactando profundamente a maneira como as cidades são percebidas.


Essa transformação social tem como característica marcante a mobilização da sociedade a partir de fatores psicossociais e íntimos. É nesse contexto que a visão cotidiana das cidades se remodela, sendo influenciada por uma série de visões que emergem dessa mobilização.


Ao contrário da perspectiva tradicional, a eleição municipal de 2024 anuncia um “Blend” peculiar, uma mistura dinâmica entre a concretude das cidades e uma perspectiva intimista. A sociedade, permeada pela polarização vivenciada nas eleições de 2018 e 2022, terá sua presença estratificada na “Polarização Social”.


Estamos diante de uma eleição singular, onde a visão da cidade será construída e moldada por visões de intimidade, comportamentais e psicossociais. A pauta continua sendo a cidade, mas agora sob novos prismas, com novas formas de ser percebida.


Essa eleição será marcada pela influência da “Polarização Bolsonarista” de um lado e do espectro Petista/antibolsonarista do outro. A “Polarização” funcionará como um agente catalisador, gerando um novo “Blend” que redesenha a forma como os 5568 municípios brasileiros são percebidos e experimentados.


No cerne desse processo está a compreensão de que a cidade é mais do que sua estrutura física; é um organismo vivo moldado pelas crenças, valores e dinâmicas sociais de sua população. A influência da polarização política nesse contexto não apenas adiciona camadas à complexidade urbana, mas também redefine a própria essência da experiência urbana.


A “Polarização Bolsonarista” e o espectro Petista/antibolsonarista atuarão como lentes, filtrando e colorindo a percepção das cidades. Cada município se tornará uma tela onde as nuances dessa polarização se refletirão, criando um mosaico diversificado de interpretações do cotidiano.


Em última análise, estamos testemunhando não apenas uma eleição municipal, mas um fenômeno sociopolítico que transcende as fronteiras das urnas. A cidade, antes vista de maneira estática, agora se apresenta como um palco dinâmico, onde as narrativas pessoais se entrelaçam com as tendências políticas, gerando um cenário complexo e multifacetado.


A eleição de 2024, portanto, representa mais do que uma escolha política; é um reflexo da evolução constante da sociedade e da redefinição contínua de como enxergamos e interpretamos nossas cidades. Em meio à “Polarização Social”, surge a oportunidade de compreendermos mais profundamente a interseção entre o político e o cotidiano, moldando não apenas a paisagem eleitoral, mas também o tecido social que constitui nossas comunidades urbanas.


* Sociólogo, cientista político e professor da UFRJ.


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