RICARDO BRUNO
O vice-governador Thiago Pampolha está de malas prontas para se filiar ao MDB. Ele deixará o União Brasil por divergências com o atual comando partidário, que lhe tem negado espaço nas decisões relativas às eleições municipais deste ano. Ele sequer foi ouvido na deliberação sobre o apoio à reeleição de Eduardo Paes na capital, onde está o maior contingente de sua base eleitoral. No diretório regional, Pampolha é o terceiro vice-presidente, uma posição sintomática de que fora colocado de escanteio pela atual cúpula partidária.
O convite para filiação ao MDB veio de dois dos principais líderes nacionais da sigla: o presidente Baleia Rossi e o governador do Pará, Helder Barbalho. As negociações começaram em Dubai, nos Emirados Árabes, durante a COP 23, onde Pampolha e Barbalho participaram ativamente dos debates climáticos. Entre um e outro compromisso, trocaram dedo de prosa sobre a política nacional e o Rio de Janeiro. A afinidade de posições resultou na aproximação política, que levará o vice-governador a se filiar ao partido.
Os movimentos do União Brasil no interior e na região metropolitana também contribuíram para afastar definitivamente Pampolha da agremiação. Todo os seus pleitos em favor de candidaturas a prefeito e vereador não foram atendidos, deixando-o profundamente descontente. Diante do quadro, o vice-governador entendeu que o partido no Rio será comandado pelo presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, em parceria com o deputado Márcio Canella, não restando espaço para sua atuação política.
A decisão de se filiar ao MDB não foi casual; obedece a lógica cuidadosamente estudada: o partido é nitidamente de centro, portanto, próximo do campo de atuação do vice; a sigla é da base do governo do estado , o que contribui para reafirmar a total lealdade a Cláudio Castro; o MDB também dá sustentação ao governo do presidente Lula, deixando em aberto a possibilidade de uma eventual aproximação eleitoral em 2026, quando Pampolha deve disputar o governo do estado sentado na cadeira, com a provável renúncia de Castro para disputar uma vaga ao Senado.
É muito provável que Thiago Pampolha assine a ficha de filiação já na próxima semana. Ontem, quarta-feira (03/01), ele se reuniu demoradamente com o presidente em exercício do MDB fluminense, Washington Reis. A conversa fluiu muito bem, sem arestas. O vice-governador e o ex-prefeito de Duque de Caxias são amigos e parceiros políticos há longos anos. Estão, portanto, completamente ajustados na relação pessoal e nas estratégias eleitorais.
Com a presença do presidente Baleia Rossi e do governador Helder Barbalho, a festa de filiação deve ocorrer dentro de 20 dias, somente após o retorno de Cláudio Castro, que se ausentará em férias com a família. Pampolha faz questão da presença do amigo e líder político no ato, numa demonstração pública de que a troca partidária mantém incólume a lealdade ao governador.
Fonte: Agenda do Poder.
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