Cresce a insatisfação com a Águas do Rio e comissão da Alerj pode pedir auditoria na empresa

 

 
Deputados querem comprar o volume de distribuição de água na Zona Sul da cidade do Rio com outras regiões do estado para entender o motivo das interrupções no fornecimento

A Comissão de Saneamento Ambiental, da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), solicitou à Águas do Rio e à Cedae um relatório para apurar se a Baixada Fluminense dispõe do mesmo volume de água que é fornecido à Zona Sul da cidade do Rio. Caso a documentação se mostre insatisfatória, o colegiado solicitará uma auditoria nas empresas. A decisão foi tomada nesta terça-feira (20/02), durante audiência pública na Alerj, em que estiveram presentes os representantes das concessionárias.

A reunião foi realizada após a comissão receber denúncias de moradores de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e de Miracema, no Noroeste Fluminense – áreas atendidas pela Águas do Rio – sobre frequentes interrupções e má qualidade na prestação do serviço. Os deputados querem que todas as regiões do estado recebam o mesmo critério de atendimento. “Defendemos o princípio da isonomia. Vamos fazer requerimento para saber se a mesma quantidade de água para todos”, disse o presidente da comissão, deputado Jari Oliveira (PSB).

Segundo o presidente da Cedae, Aguinaldo Ballon, a empresa vem investindo no sistema de Guandu para que ele se torne mais resiliente às condições climáticas e aos problemas de intermitência de energia, mas revelou que quando se tem uma chuva com grande volume de água, isso impossibilita o tratamento em razão da qualidade da água bruta.

“Então, por mais que a empresa tenha uma resiliência nas condições de tratamento, pode-se comprometer a qualidade da água fornecida para a população porque o adicionamento de produto químico e o tratamento ficam comprometidos. Isso acontece quando a gente tem um volume muito grande. Em janeiro, teve um dia que a estação do Guandu precisou ficar parada algumas horas para que a gente tivesse condições de voltar à normalidade do tratamento”, revelou, acrescentando que a medida foi tomada por uma questão de segurança para não que o fornecimento não fosse comprometido. “Foi um ou dois dias em que a gente precisou parar algumas horas o sistema até que voltasse a normalidade da captação”, completou.

Nesse período, somente em São João de Meriti houve uma interrupção de 117 horas ao longo do mês. Fora isso, houve um aumento de 256% nas quedas de energia, o que também teria afetado a distribuição. O superintendente da Águas do Rio, Sinval Andrade, pontuou que as interrupções no serviço, provocadas pelas chuvas, foram situações inéditas. Já o coordenador de operação das redes de energia elétrica da Light na Baixada, Wilson Frez, assegurou que o tempo de resposta à Cedae e Águas do Rio, em casos de queda de energia, foi de, no máximo, seis horas.

“A gente não quer preterir morador de nenhum lugar, mas não vamos aceitar que quem vive na Baixada seja alvo de preconceito. Pedimos os relatórios e, se não ficarmos satisfeitos, vamos solicitar uma auditoria”, complementou o vice-presidente da comissão, deputado Léo Vieira (PL), cobrando para que as empresas façam os investimentos necessários para que esses problemas não se repitam no próximo verão.

O presidente da Cedae, por sua vez, afirmou que a expectativa é que o Novo Guandu esteja em funcionamento em até três anos, inicialmente tratando de 12 mil litros de água por segundo na Baixada, para chegar a 24 mil litros gradativamente. A Águas do Rio também garantiu que a concessionária irá instalar mais dez bombas de água na localidade.

Situação de Miracema

Um grupo de moradores de Miracema, presente no encontro, reclamou da má qualidade no fornecimento feito pela Águas do Rio e apresentou um vídeo no qual a água tem uma coloração escura. Além disso, alegaram que a concessionária estaria cobrando a tarifa comercial na fatura de residências como se fossem grandes estabelecimentos. A empresa informou que analisará cada caso individualmente.

A Comissão da Alerj também cobrará à Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa) para que realize uma fiscalização a fim de atestar a qualidade da água e identificar os motivos de eventuais interrupções do serviço.

O colegiado ainda deu parecer favorável ao Projeto de Lei 1.397/2023, de autoria dos deputados Lucinha e Luiz Paulo, ambos do PSD, que prevê a possibilidade de concessionárias de água e esgoto indenizarem municípios para ressarcir gastos com a adaptação das redes de coleta e de distribuição.


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