RICARDO BRUNO
Tem peso e relevância o apoio de Flávio Bolsonaro ao nome de Washington Reis como o candidato do campo conservador ao governo do estado em 2026. Malgrado, o ex-prefeito de Duque de Caxias tem um longo caminho a percorrer para se viabilizar na disputa. A começar, pela reversão de sua inelegibilidade na justiça. O caso está no Supremo Tribunal Federal e o relator é o ministro Flávio Dino, um dos integrantes da Corte umbilicalmente próximos do presidente Lula.
Há que se considerar ainda o papel determinante de Cláudio Castro na escolha do candidato a sua sucessão. Se nas eleições à prefeitura do Rio, ele transferiu a responsabilidade à família Bolsonaro, em 2026 o governador naturalmente vai exercer a prerrogativa de conduzir a escolha do nome. Por sua natureza conciliadora, Castro deve ouvir todos os partidos da base num processo amplo de construção da candidatura. Nomes com trânsito consolidado entre as siglas de centro-direita terão maior probabilidade de serem escolhidos.
Washington Reis precisa também vencer a disputa interna no MDB, que, de acordo com declarações pretéritas do presidente Baleia Rossi, tem compromisso com a indicação do vice Thiago Pampolha. No diretório regional, Leonardo Picciani e Pampolha, juntos, têm força para decidir o rumo do partido. É necessário, pois, convencê-los a apoiá-lo. Sem falar que o MDB integra a base do presidente Lula o que, eventualmente, pode afastar a agremiação do campo bolsonarista em 2026, a depender dos rumos das alianças nacionais.
A construção da candidatura de Washington Reis passa ainda pelo aval dos líderes regionais do PL, do PP e do União Brasil. A despeito das divergências de 2023, quando Altineu Cortes articulara uma chapa de oposição a Rodrigo Bacellar na disputa pelo comando da Alerj, o PL fluminense hoje está muito próximo do deputado campista. Altineu tem emitido sinais de preferência pelo nome de Bacellar.
A rigor, o presidente da Assembleia Legislativa é o que mais avançou entre os partidos da base de Castro na corrida ao Palácio Guanabara em 2026. Alavancado pela força da presidência do parlamento, trouxe ex-adversários para seu campo, se consolidando como peça-chave na correlação de forças do campo conservador. Bacellar, contudo, não é candidato de si próprio; não se aventurará numa disputa temerária com a centro-direita fracionada. Deve aceitar a missão, se sua candidatura for consensual.
Há outras variáveis imprevisíveis a esta altura. Bolsonaro tem dito que o Senado é um dos objetivos centrais de 2026. Isto reforça a tese de que o PL deve ter dois candidatos à Câmara Alta, abrindo mão da disputa ao governo do estado em favor de um partido aliado. Nesta perspectiva, Cláudio Castro poderia eventualmente mudar de ideia e decidir fazer dobradinha com Flávio em busca da segunda vaga, numa tentativa de repetir a trajetória bem-sucedida de Arolde de Oliveira em 2018. Neste caso, Pampolha sentaria na cadeira de governador e, certamente, seria candidato à reeleição.
O roteiro de Washington Reis para se a viabilizar, portanto, é longo e sinuoso. Ele começa a caminhada com um empurrão nada desprezível, do filho mais influente do principal líder da direita brasileira. Contudo, a corrida é de fundo; há que ter sorte, resistência e capacidade de vencer obstáculos.
Fonte: agendadopoder
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