A escassez de chuvas acentuou o período de estiagem em Pernambuco e levou o governo a decretar nesta terça-feira (21) situação de emergência em 117 municípios do estado. A medida visa mitigar os efeitos da seca nos reservatórios e na rede de abastecimento de água, que já afeta a maior parte dos municípios e está em colapso.
Dados divulgados pela Secretaria de Recursos Hídricos e Saneamento apontam que a barragem de Goitá, que atende o Grande Recife e a Região Metropolitana do Recife, está em situação crítica, com acumulação em apenas 4,6% de seu volume.
As barragens Bita e Utinga, que também atendem o Grande Recife, estão com 19% e 9,7% de seu volume, respectivamente. Com relação aos reservatórios que abastecem o Agreste, a barragem de Jucazinho encontra-se em colapso, com apenas 5,8 % de seu volume disponível.
Em dezembro do ano passado, o governo já havia decretado estado de alerta para 94 municípios pelo mesmo motivo. O novo decreto tem validade de 180 dias.
Segundo o secretário estadual de Recursos Hídricos e Saneamento, Almir Cirilo, o estado está priorizando a gestão eficiente da água disponível e a execução de obras emergenciais.
— Nossa expectativa é que tais medidas ajudem a agilizar os processos de execução dos serviços e obras. Além disso, as grandes obras que trazem água de longa distância, como do Rio São Francisco ou da Mata Sul para o Agreste, estão progressivamente chegando às cidades e ao longo deste ano vão trazer grandes benefícios para minimizar os impactos das estiagens prolongadas — ressaltou.
Chuvas abaixo da média
A Agência Pernambucana de Águas e Clima aponta que o Estado enfrenta uma seca de moderada a grave em boa parte do seu território. A previsão climática para o primeiro trimestre de 2025 indica chuvas abaixo da média, com pancadas isoladas no Sertão e períodos secos nas outras regiões.
A pesquisadora Ana Paula Cunha, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), explica que a seca no Nordeste tem sido causada por um fenômeno conhecido como Dipolo do Atlântico. Ela ocorre quando o Atlântico Norte está mais aquecido do que o Atlântico Sul, causando menos nebulosidade na região e, consequentemente, menos chuvas regulares.
— A situação ainda não está tão crítica quanto a observada em anos passados, mas piorado em relação a 2023 em alguns estados. A interferência do Atlântico acentua a irregularidade das chuvas, fazendo com que chova muito em um curto período de tempo, e isso não dá vazão no abastecimento. Outro ponto é que o indicador das secas mostra que, apesar de a seca afetar todo o Brasil, as regiões Norte e Nordeste são as mais impactadas por ter uma vulnerabilidade social maior — afirma Cunha.
Diferente de anos anteriores em que a estiagem sofria influência direta do El Niño, este ano o fenômeno não tem atuado para agravar a seca. Ainda assim, além do Pernambuco, outros estados do Nordeste decretaram situação de emergência, entre eles Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba e Rio Grande do Norte.
Destes, apenas municípios de Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte e Sergipe possuem reconhecimento federal de situação de emergência por causa da seca, conforme informou o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional ao GLOBO. As ocorrências foram registradas entre setembro de 2024 e janeiro deste ano.
No Rio Grande do Norte, são 34 cidades em situação de emergência acompanhada pelo governo federal. No Ceará, são oito. Enquanto em Alagoas e Sergipe são um e dois municípios, respectivamente.
As prefeituras são as responsáveis por decretar a situação de emergência e solicitar o reconhecimento federal.
Fonte: Agenda do poder
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