Morte de Sarah Raíssa, de 8 anos, após inalar desodorante por desafio no TikTok, reacende alerta sobre brincadeiras perigosas nas redes
A morte da menina Sarah Raíssa Pereira de Castro, de 8 anos, vítima de um desafio nas redes sociais, reacendeu o alerta sobre os riscos das “brincadeiras” perigosas disseminadas pela internet. Sarah inalou gás de desodorante aerossol, supostamente influenciada por uma trend no TikTok, e teve morte cerebral confirmada após ser internada no Hospital Regional de Ceilândia, no Distrito Federal, com parada cardiorrespiratória.
Segundo levantamento do Instituto DimiCuida, entre 2014 e 2025 foram registrados 56 casos de crianças e adolescentes entre 7 e 18 anos no Brasil que morreram ou ficaram gravemente feridos após participarem de desafios online, informa Metrópoles. Os dados foram mapeados com base em casos noticiados pela imprensa e em relatos de famílias que buscaram apoio em organizações da sociedade civil.
“Essas práticas oferecem um falso sentimento de diversão ou coragem, mas escondem consequências devastadoras, muitas vezes irreversíveis”, alerta o Instituto, que atua na conscientização sobre o uso seguro das tecnologias por crianças e jovens.
O DimiCuida categoriza os riscos em dois tipos principais: jogos de não oxigenação, em que a interrupção da respiração induz a uma euforia passageira — mas pode causar parada cardiorrespiratória e morte de neurônios —, e os jogos de desafio e agressão, que incluem o uso de produtos químicos, fogo ou violência física.
O caso de Sarah não é isolado. Em 2023, um menino de 12 anos morreu na Inglaterra após tentar o mesmo desafio com desodorante. No Brasil, uma menina de 7 anos em São Bernardo do Campo (2018) e um garoto de 10 anos em Belo Horizonte (2022) também perderam a vida em circunstâncias semelhantes.
Polícia Civil investiga autoria do conteúdo
A Polícia Civil do DF investiga a origem do conteúdo que teria influenciado Sarah. O celular da vítima passará por perícia, e o TikTok será notificado para fornecer informações sobre o possível vídeo que motivou a prática.
“É fundamental que os pais estejam atentos ao conteúdo acessado pelos filhos e conversem sobre os perigos escondidos nas redes sociais. A prevenção começa com informação e diálogo”, declarou um investigador da Polícia Civil.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) confirmou os números do levantamento e afirmou que monitora o fenômeno, estudando políticas de regulação mais rígidas sobre plataformas digitais e seus algoritmos, sobretudo quando envolvem o público infantojuvenil.
A tragédia de Sarah expõe a urgência de medidas coordenadas entre famílias, escolas, plataformas tecnológicas e autoridades públicas para conter a proliferação de conteúdos nocivos. A luta, afirmam especialistas, é pela preservação da vida e da saúde mental de crianças e adolescentes em um ambiente digital cada vez mais influente e desafiador.
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